sexta-feira, 11 de novembro de 2011

De missionário para missionário

O apóstolo Paulo foi, com certeza, uma pessoa influente na história da fé cristã. Nascido em Tarso, cresceu em Jerusalém e foi instruído pelo mestre Gamaliel (At 22.3). Sua conversão é marcada por uma grande transformação de vida e conduta, pois, perseguidor que era dos cristãos passa a ser perseguido e se torna também um exímio defensor do evangelho, fazendo de sua história uma das mais dramáticas das Escrituras Sagradas.  Sua submissão ao chamado, seu zelo e determinação, o levaram a cumprir seu ministério em inúmeras cidades da Ásia menor e da Europa, deixando além de seus escritos um grande exemplo para todos aqueles que querem aceitar o chamado divino para sair em busca daqueles que estão perdidos no mundo de trevas. O texto de Atos, capítulo 20, versículos de 17 a 24, nos oferece grandes lições deixadas por este missionário, vejamos:


Sua estratégia: “De Mileto, Paulo mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso” (v.17). Ao mandar chamar os presbíteros da igreja de Éfeso, Paulo está seguro que não os veria mais (v.25). Porém, dá a eles instruções claras e precisas de tudo o que deveriam fazer para o desempenho de suas funções e responsabilidades ministeriais. Ele é ciente da necessidade de deixar sucessores, pois a pregação do evangelho não pode parar, não pode estar restrita a uma gestão, um período ou a uma pessoa.  As pessoas passam, porém o trabalho do evangelho não pode parar. O apóstolo Pedro disse: “Porque Toda a carne é como a erva, E toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra do Senhor permanece para sempre” (1Pe 1.24,25)


Seu testemunho: “Servi ao Senhor com toda a humildade e com lágrimas, sendo severamente provado pelas conspirações dos judeus” (v.19). O apóstolo Paulo não se destaca em contar estórias aos irmãos, definitivamente não é um contador de anedotas divertidas, traz consigo seu próprio testemunho e está seguro para dizer, “Vocês sabem como vivi todo o tempo em que estive com vocês”. Esta segurança está baseada em uma vida de submissão ao Senhor, pois é servo disposto a fazer a vontade de seu Senhor com humildade. Não é relapso, desleixado, não subestima as determinações, não dá um “jeitinho”, não procura invenções, simplesmente vive para fazer a vontade daquele que o enviou. Infelizmente hoje há muitos líderes que não dão testemunho, pois está implícito em seus testemunhos de vida a frase:  “façam o que eu falo, mas não façam o que eu faço”. Isto é tão certo, que hoje, encontramos milhares de “evangélicos” e entres estes são poucos os “cristãos”.  Paulo não era um “evangélico”, era um cristão, e em seu testemunho diz que mesmo com lágrimas pregou o evangelho da salvação em Cristo Jesus e jamais deixou de trazer-lhes palavras que fossem para um fim proveitoso.


Sua persistência: “Servi ao Senhor com toda a humildade e com lágrimas, sendo severamente provado pelas conspirações dos judeus” (v.19); “o Espírito Santo me avisa que prisões e sofrimentos me esperam” (v.23b). O missionário Paulo desde o seu chamado (At 9.16) tinha consciência de que o ministério não era só de rosas, mas de espinhos também. Sua humildade não denota fraqueza, pois era corajoso e determinado. Demonstra aos irmãos que ele é um ser humano normal; não traz consigo o orgulho machista de que homem não chora. Este missionário é consciente de suas limitações e diz: “irmãos é com lágrimas, é com sofrimentos...”. O missionário precisa entender que o ministério não é só de glórias, não há cristianismo sem cruz, não há ministério sem sofrimento. Jesus nos ensinou: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mt 16.24b). Paulo não desistiu, pagou o preço, foi até o fim.


Sua mensagem: “Testifiquei, tanto a judeus como a gregos, que eles precisam converter-se a Deus com arrependimento e fé em nosso Senhor Jesus” (v.21). Paulo traz consigo a mensagem do evangelho. Ele é preocupado em ensinar a igreja. Não vem com palavras persuasivas de sabedoria humana (1Co 2.13), mas com a mensagem do alto. Sabe que a Palavra de cruz é loucura para os que perecem, mas para os salvos é o poder de Deus (1Co 1.18). Sua mensagem é equilibrada, não fazia concessões, mas também não ia a extremos. Não está preocupado com o que as pessoas “queriam” ouvir e sim com aquilo que elas “precisavam” ouvir. Estava determinado em fazer a vontade de Deus e não a dos homens.  Sua mensagem não era de conformismo com o mundo, mas de conversão à Deus, não era de prosperidade barata e sim de arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo.  Amava os irmãos, porém seu senso de amor não deixava de lado a preocupação com eles e se necessário agia com severidade, para conduzi-los à salvação.


Sua visão abrangente: “Testifiquei, tanto a judeus como a gregos...” (v.21a). Seu tempo é curto, seu trabalho é grande, sua visão não é bairrista. Não pensava só em sua cidade, queria alcançar judeus e gentios, queria alcançar o mundo.  Temos razões para acreditar que o grande evangelista John Wesley, quando disse “O mundo é minha paróquia”, com certeza foi influenciado pelo Apóstolo Paulo, pois em seu ministério, em três viagens missionárias, pode defender o evangelho, levar pessoas ao arrependimento e à conversão em Cristo Jesus,  plantar igrejas, ensinar  líderes, prepará-los para defender o rebanho e dar continuidade a seu trabalho. Nele não havia comodismo, mas dedicação, que serve de exemplo, inspiração e encorajamento para milhares de missionários hoje.


Sua segurança: “Agora, compelido pelo Espírito, estou indo para Jerusalém, sem saber o que me acontecerá ali, senão que, em todas as cidades, o Espírito Santo me avisa que prisões e sofrimentos me esperam” (v.22,23). As informações não eram boas, acontecimentos ruins o aguardavam, porém ele está convicto de que o Espírito Santo o está conduzindo, e, portanto, sente-se seguro. Tem uma vida de comunhão com o Senhor Jesus Cristo, o dono da vida; está disposto a levar o vitupério de Cristo (Hb 13.13) e assim não tem com o que se preocupar. Sua vida está escondida em Cristo e sua segurança não esta baseada em coisas humanas. Nesta fé, quando todos dizem: “não vá para Jerusalém”, ele diz: “vou, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum”. Este missionário sabe o que é viver na dependência de Deus.


Seu alvo: “... se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus” (v.24b). Seu alvo consiste em duas coisas; terminar a corrida e completar o ministério, ou seja, ele se sentia como um corredor em busca do prêmio e desejava ardentemente terminar a tarefa dada pelo Senhor Jesus Cristo a ele. Não podia desistir, seria frustrante e considera ser grande bênção alcançar este alvo.  Seus anseios não estão baseados em coisas terrenas, não busca promoção pessoal, não quer estar em evidencia, não quer ser o centro das atenções, só quer terminar a corrida e completar o ministério que Jesus lhe deu. Este missionário é espiritual. Quer terminar a vida testemunhando do evangelho da graça de Deus. Que exemplo!


O irmão Paulo já fez a parte dele. Hoje, a responsabilidade é nossa. Vivemos num mundo globalizado, onde as distancias se encurtaram pela agilidade das comunicações e também dos transportes, a alta tecnologia está a nossa disposição.  Depois de termos o Senhor Jesus como nosso Salvador, não há como fazer “vistas grossas”; há milhares de pessoas pelo mundo afora, pessoas pelas quais Jesus morreu e é nossa a responsabilidade de levarmos o testemunho do evangelho da graça.


Faça também a sua parte!

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