"O ato sexual difícil ou doloroso pode ter várias causas. Esta condição é conhecida como dispareunia, podendo inclusive não ter causa orgânica e ocorrer tanto na mulher como no homem."
O que é dispareunia?
A dispareunia é um transtorno sexual caracterizado pela sensação de dor genital durante o ato sexual. Pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres, mas é mais comum entre as mulheres. A dor geralmente é sentida durante o ato sexual, mas pode ocorrer também antes e depois do intercurso. As mulheres podem descrever a dor como uma sensação superficial, ou até mesmo profunda; e a intensidade pode variar de um leve desconforto até uma forte dor aguda. É mais freqüente do que se pensa, podendo atingir até 50% das mulheres com vida sexual ativa.
Para que o distúrbio seja denominado dispareunia, a dor deve provocar sofrimento ou dificuldade nas relações interpessoais e não ser causada exclusivamente pela falta de lubrificação vaginal, por vaginismo (contrações involuntárias dos músculos da vagina), por condições médicas gerais ou pela ação de substâncias ou medicamentos. A dispareunia leva frequentemente à rejeição ao ato sexual, com conseqüências graves para o relacionamento atual e comprometimento dos futuros, diminuindo o desejo sexual em diversos graus.
Existem três tipos principais de relações sexuais dolorosas. Talvez o menos comum seja a dor que só ocorre após a relação sexual ou orgasmo. Isto pode ser devido a contracções uterinas devidas ao orgasmo. As mulheres com este problema podem obter algum alívio tomando medicamentos como o ibuprofeno antes da relação sexual, o que pode bloquear a dor das contracções uterinas. Outra fonte deste tipo de dor é uma alergia ao sémen, o que é bastante incomum. Depois de o seu parceiro ejacular pode haver uma sensação de ardor intenso e vermelhidão no redor da vagina e vulva (lábios exteriores da vagina). Uma terceira causa da dor após a relação sexual é uma infecção vaginal, como uma infecção por fungos, que pode causar uma sensação de ardor na vagina, devido à irritação.
Dor imediatamente após a penetração ou ao tocar os lábios da vagina pode ser causada por uma variedade de problemas médicos. Por exemplo, infecções por herpes causam bolhas, as quais são muito sensíveis ao toque. A raspagem ou um pequeno corte na entrada da vagina pode causar dor. Algumas mulheres têm um hímen que não rompe completamente após as suas primeiras tentativas de relação sexual, o que pode causar uma sensação de dor intensa com a penetração. Algumas infecções, tais como infecções fúngicas ou vaginose bacteriana, criam irritação do tecido vulvar ou vaginal, levando a dor imediata com o sexo. E, condições dermatológicas, como a hiperplasia escamosa ou líquen escleroso podem causar danos à pele vulvar, tornando-a sensível ao toque. Lubrificação inadequada também pode causar dor. O diagnóstico destas condições requer um exame ginecológico completo, e, em alguns casos, uma pequena biópsia da pele com anestesia local no consultório. Outro problema que pode causar dor à do pénis é o vaginismo, onde a contracção dos músculos vaginais, involuntariamente, faz com que a penetração seja extremamente dolorosa ou impossível. Isto pode ser devido a uma resposta subconsciente de antecipação da dor, quando o organismo se tenta proteger da dor pelo "fechamento" da vagina, ou pode ser devido a dor psicológica, em mulheres que têm uma história de abuso ou que estão com medo de violência na actividade sexual. Como acontece com qualquer condição com uma componente potencialmente psicológica, há controvérsias sobre este transtorno. Na minha prática médica não achei algo muito comum, mas deve ser considerada esta componente no diagnóstico diferencial das condições que podem causar coitos dolorosos.
Provavelmente o tipo mais comum de dor com a relação é dispareunia de "penetração profunda", onde a penetração do pénis causa dor. Isto é comum durante relações sexuais apaixonadamente intensas, e pode vir e ir, dependendo da posição usada durante a relação sexual. Muitas condições podem causar este tipo de dor, incluindo um prolapso uterino (quando o colo do útero e o útero estão a "deslizar" para fora da vagina devido ao relaxamento dos tecidos que os seguram), "bexiga caída" devido a parto, tecido cicatrizado em torno do útero ou dos ovários (chamados de aderências), um cisto do ovário (embora esta seja uma causa incomum de tal dor), grandes miomas uterinos (tumores não cancerígenos do útero), e endometriose, uma condição em que minúsculos implantes de sangue do útero aderem aos órgãos femininos e causam dor. Muitas mulheres sofrem de síndrome do intestino irritável, e as relações sexuais podem fazer o útero chocar com os intestinos, causando dor. Estudos médicos têm mostrado que muitas mulheres com esta doença são relutantes em envolver-se em relações sexuais devido ao medo da dor ou da liberação acidental de gases ou fezes durante a relação sexual.
Quais são os tipos de dispareunia?
Podemos encontrar os seguintes tipos:
• Primária: quando acontece desde a primeira relação ou tentativa de relação sexual;
• Secundária: as relações sexuais eram normais e, a partir de determinada época, passaram a causar desconforto/dor;
• Situacional: a dispareunia ocorre apenas em determinadas ocasiões ou certos parceiros;
• Generalizada: a mulher é incapaz de conseguir qualquer tipo de penetração, sem que essa se acompanhe de desconforto.
O que causa a dispareunia?
A dispareunia pode ser causada por fatores orgânicos ou psicológicos. Importante destacar que o distúrbio se origina na interação de um conjunto de fatores e não de uma causa isolada. Destacamos os seguintes:
Fatores Orgânicos
• Infecções genitais, tais como candidíase (monilíase), tricomoníase, etc.
• Doenças de pele que acometem a região genital: foliculite, pediculose púbica ("chato"), psoríase;
• Doenças sexualmente transmissíveis, como cancro mole, granuloma inguinal, etc;
• Infecção ou irritação do clitóris;
• Doenças que acometem o ânus;
• Irritação ou infecção urinária;
• Nos homens, podemos destacar a fimose, doenças de pele, herpes genital, doenças do testículo e da próstata.
Fatores Psicológicos (Vaginismo)
• Dificuldade em compreender e aceitar a sexualidade de uma maneira saudável;
• Crenças morais e religiosas muito rígidas;
• Educação repressora;
• Medos e tabus irracionais quanto ao contexto sexual;
• Falta de desejo em fazer sexo com o(a) parceiro(a);
• Medo de machucar o bebê, quando durante a gestação;
• Falta de informação;
• Traumas infantis relacionados à sexualidade;
• Sentimento de culpa na vivência da sexualidade.
Vaginismo - Trata-se de uma síndrome psicofisiológica que tem como característica fundamental a contração involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos do períneo adjacentes à vagina. Isso acontece sempre que há tentativa de penetração.
"Por conta da dor, a mulher acaba evitando manter relações sexuais, o que não é natural. Em decorrência disso, muitos relacionamentos afetivos ficam fortemente abalados", esclarece.
De acordo com os especialistas, o vaginismo é um problema mais comum em mulheres jovens e naquelas que apresentam história de abuso ou traumas sexuais. Em algumas, o quadro chega a ser tão severo que impede inclusive a realização de exames ginecológicos. Para quem sofre desse distúrbio, o tratamento deve ser individualizado, dependendo das causas do problema. Por isso, a orientação geral é procurar primeiramente o ginecologista.
Em uma relação sexual onde a mulher está preocupada, triste, assustada, sejam esses motivos desencadeados por fatores internos ou externos, ela não tem condições de se excitar. Para que isso ocorra, ela precisa estar bem, presente naquele momento da relação. Com a excitação ela ficará lubrificada, o que proporcionará conforto durante o ato em si. Por outro lado, a mulher mal estimulada, com sentimentos ruins relacionados ao encontro sexual, não se excitará adequadamente. Sem excitação não haverá boa lubrificação, logo ela sentirá dor ao ser penetrada. Isso tornará a relação empobrecida, desgastada para o casal, e assim, os conflitos na relação se agravarão cada vez mais. A mulher, com medo de sentir dor novamente na relação, vai evitar o encontro sexual. E novamente o conflito poderá aparecer. Isso tenderá a se tornar um ciclo vicioso, no qual a dor gera medo, o medo gera tensão, e esta gera dor ainda maior.
Acho que tenho Dispareunia, o que devo fazer?
O primeiro passo é consultar um médico. No caso das mulheres, a maioria desses pacientes, o ginecologista é o primeiro profissional a ser consultado. O médico conversará com a paciente e tentará identificar fatores psicológicos e outros que possam estar afetando sua vida sexual. O exame físico completo ajudará na detecção de fatores orgânicos relevantes para o caso. Ele será capaz de fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento, podendo encaminhar a pacientes para outros profissionais, caso julgue necessário.
Como é feito o tratamento?
A consulta média é de extrema importância porque ele será capaz de detectar possíveis fatores orgânicos, que poderão ser tratados. A abordagem dos fatores psicológicos pode ser feita por vários profissionais, sendo o mais indicado o terapeuta sexual.
O tratamento inclui a psicoterapia que tem como objetivo um maior conhecimento de si própria, de seu corpo, sua forma de lidar com o mundo. E, em geral, é muito agradável para a mulher. Pra ela se dar conta de como lida com o próprio corpo, alguns exercícios podem ser indicados; os quais podem ser feitos sozinhos mesmo e às vezes é o mais indicado, pois alguns parceiros podem atrapalhar o acompanhamento.
Por ser uma síndrome psicofisiológica – conjunto de problemas físicos e psicológicos -, não adianta olhar a mulher somente como um organismo ou somente como um ser psíquico. Os dois atuam juntos ao mesmo tempo. Assim, uma equipe de vários profissionais (ginecologista, urologista e psicoterapeuta) também se faz, na maioria das vezes, necessária.
Referências:http://pt.wikipedia.org/
http://www.boasaude.com.br
http://www.minhavida.com.br/
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