quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cólicas

Elas podem não ser só sintoma de menstruação. Saiba as outras causas e tratamentos
Nada mais desagradável que sentir dor, não é? Ainda mais quando essa dor se chama cólica menstrual e aparece todo santo mês. O fato é que nem sempre as pontadas chatinhas na barriga acompanhadas de perdas de sangue significam que você vai ficar "naqueles dias". Por isso, o Bolsa de Mulher saiu a campo para investigar as causas reais deste problema que atormenta muitas mulheres.

A cólica menstrual é provocada pela falta de suprimento sanguíneo no útero, explica a ginecologista Renata Aranha, do Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ). Já a menstruação é uma união de sangue e endométrio, tecido que reveste a parte interna do útero e sofre descamação. "Toda vez que o endométrio é descamado é como se houvesse uma lesão do tecido, e o corpo promove um processo em cadeia de ação inflamatória que produz a prostaglandina (hormônios que as células produzem quando lesadas ou excitadas). Sem sangue no útero, não há irrigação nem oxigênio, o que provoca a dor", complementa a médica.

O nome científico da cólica fisiológica é dismenorreia primária. É aquela dor pélvica que aperta, alivia e volta, e pode ocorrer antes ou durante o período menstrual. É muito comum, por isso não há motivo para se preocupar. Segundo Renata Aranha, o uso de antiinflamatórios é o tratamento mais recomendado nestes casos. "A pílula anticoncepcional também ajuda muito, porque quem faz o endométrio crescer é o estrogênio. Com a pílula, podemos controlar esse crescimento e, portanto, ele descama menos. Por isso que o fluxo diminui também", acrescenta a especialista.

O alerta de sinal vermelho deve ser acionado quando a cólica é muito intensa, progressiva e aumenta ao longo da menstruação. Neste caso, você pode estar sofrendo da chamada dismenorreia secundária. "Ela precisa ser investigada e exige exames complementares, pois pode ter diferentes causas", esclarece a doutora, que chama a atenção para a origem do desconforto: "Ela pode estar associada a complicações no sistema reprodutivo, como alterações nos ovários, útero ou vagina, endometriose, miomas, infecção pélvica, tumores, entre outros fatores".
Coordenador do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ), Renato Ferrari explica que a endometriose ocorre quando parte do endométrio descamado vai para dentro do abdômen através das trompas e, em algumas mulheres, esse endométrio acaba se desenvolvendo. "Há outras duas formas de desenvolver a doença: quando o sangramento que cai no abdômen passa através do diafragma e acomete a pleura (membrana que recobre o pulmão); e quando o endométrio se instala na cicatriz deixada pela cesariana", complementa o médico, que identifica os tipos de tratamento: "Pode ser cirúrgico ou através do uso da pílula anticoncepcional, depende de cada caso".

Outro mal que causa cólica é a adenomiose, como afirma a ginecologista Renata Aranha: "Ocorre em mulheres que já tiveram filhos e é uma prima-irmã de endometriose, diferenciando-se por ocorrer na parede do útero. Ela gera dor, dismenorreia progressiva, aumento do fluxo menstrual, dispareunia profunda (dor na relação sexual) e até infertilidade. Para diagnóstico, pode ser realizada uma ressonância magnética".

O tratamento tanto para a adenomiose quanto para a endometriose, segundo a especialista, é deixar de menstruar. "A menstruação provoca dor e aumenta a progressão da doença", observa ela, que indica os métodos disponíveis no mercado: "A mulher pode fazer uso da pílula contínua, do DIU de progesterona ou usar hormônios como a gestrinona, que bloqueia a produção de estrogênio, ou seja, provoca uma menopausa antecipada".

Fonte: msn.bolsademulher.com

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