sexta-feira, 19 de março de 2010

Mais que palavras

Afeto


TEXTO BÁSICO: Eu vos tenho amado, diz o Senhor (...). Não foi Esaú irmão de Jacó? – disse o Senhor; todavia, amei a Jacó, porém aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação. (Ml 1:2-3a)

INTRODUÇÃO: Malaquias inicia sua tarefa sem se apresentar. Preferiu ser somente um simples mensageiro. Aliás, esse é o significado do seu nome. Sua origem, seu nome e sua história não eram mais importantes que a palavra proferida por Deus. “Queria ser fiel e não famoso”. Usando o método literário de perguntas e respostas, ele expõe os pecados da geração pós-exílio. Eles haviam reconstruído o templo com todo fervor, mesmo diante de hostilidades. Mas, quase sessenta anos depois deste evento, a indiferença já tomava conta do povo de Deus. É nessa época de fé acomodada que vive Malaquias. Ele seria o último profeta antes que a voz divina se calasse por um período de 400 anos. Nesta lição, veremos o primeiro diálogo divino da profecia.

I. FALA SENHOR!

O ânimo espiritual do povo de Israel já não era o de antes. As reformas no Templo e no muro, realizadas por Esdras e Neemias, respectivamente, já haviam sido esquecidas, bem como sua influência sobre o entusiasmo espiritual que marcou aquele tempo. Ter um relacionamento íntimo com Deus havia se tornando irrelevante para o povo. O retrato do povo era de ceticismo e sonolência espiritual. Com base neste contexto de degeneração da fé, hipocrisia, indiferença, infidelidade, falso culto e arrogância, é que este diálogo acontece. Um diálogo que serviria para exprimir o afeto de Deus para com o seu povo.

1. Eu vos tenho amado: Esta é a primeira afirmação de Deus a Israel. Que forma mais expressiva e sugestiva para o início de uma conversa! É assim que Deus inicia seu diálogo, declarando seu amor deliberado e imutável por seu povo. Apesar do marasmo espiritual de Israel, Deus afirma seu amor contínuo. Observe a expressão “tenho amado” que caracteriza a continuidade e eternidade desse amor. Era como se Deus dissesse: “Olhe para nossa história. Eu os amei ao longo de todos estes anos, a despeito de tudo o que vocês fizeram”. Isso, provavelmente, se constitui um apelo para que se desfizesse a barreira da descrença, e uma tentativa de encorajamento.
Mas numa pergunta que beira a audácia “Em que nos tens amado?”, Israel questiona a veracidade do incondicional amor de Deus. Observando a realidade da própria nação presumia que Deus não o amava; por isso não mais correspondia a esse amor. Ingratos, os israelitas começaram a questionar a providência de Deus em seu favor, e se realmente valia a pena continuar a servi-lo. Esses pensamentos foram exteriorizados em rituais vazios, trapaças nos dízimos e ofertas e indiferença para com os mandamentos. Deus os disciplinou, mas não viram nisso o amor, como de um pai que ensina o filho; ao contrário, sentiram-se injustiçados. A insensibilidade levou-os a questionar o inquestionável amor divino.

2. Não foi Esaú irmão de Jacó?: Vamos relembrar a história. Isaque orou ao SENHOR em favor de sua mulher, porque era estéril. O SENHOR respondeu à sua oração, e Rebeca, sua mulher, engravidou (Gn 25:21). Rebeca teve gêmeos bem diferentes: Esaú, o primogênito, e Jacó, que nasceu com a mão agarrada ao calcanhar do irmão. Ambos cresceram e, sem dúvida, cometeram graves erros. Esaú, sendo o mais velho, estava em vantagem para herdar as bênçãos da aliança feita por seu avô, Abraão. A Bíblia não afirma que Jacó era merecedor do amor divino ou que agradava mais a Deus do que seu irmão. Mas o fato é que Esaú rejeitou seu direito de primogenitura facilmente, ao vendê-lo a Jacó. Não deu a devida importância e valor às bênçãos oferecidas por Deus. É evidente que Deus não aprovou a malandragem cometida por Jacó, pois, como dissemos anteriormente, ele não tinha qualquer mérito por ser alvo do amor de Deus. A despeito de sua insignificância (Dt 7:7-8), o Senhor o amou e achou por bem fazer de sua descendência um povo escolhido. Em sua soberania intocável, ele escolheu Jacó.

3. Amei a Jacó, porém aborreci a Esaú: Desatento ao amor divino, o povo precisava de evidências que o comprovassem. Então, Deus relembrou ao povo que seu amor foi traduzido em ações constantes através da história.
Mesmo tendo Jacó enganado seu irmão e mentido a seu pai, Deus o amou de forma paciente e fez de sua descendência um povo especial. Este, da mesma forma, voltou-se contra Deus, provocou inúmeras vezes a sua ira. Ainda assim, o Senhor nunca desamparou seu povo, mas permaneceu fiel a sua aliança, em cada momento da história. A expressão “aborreci a Esaú” não se refere a um destino eterno de Esaú.
Simplesmente significa que Deus escolheu Jacó, em vez de Esaú, para ser aquele através do qual a nação de Israel e o Messias viriam. Deus também permitiu a Esaú formar uma nação, Edom, que, por sua vez, se tornou grande inimiga de Israel e viveu uma vida profana e pecadora. Por escolher a Jacó e sua descendência, Deus cuidou deles de um modo especial. O aborrecimento divino consiste em que Deus escolheu perpetuar a linhagem do povo escolhido por meio de Jacó e não de Esaú.

4. E fiz dos seus montes uma assolação: Tal como seu pai, Esaú, que preferiu comida ao direito de primogenitura, seus descendentes tinham outras preferências ao invés das espirituais. O sistema de valores de Esaú estendeu-se a toda a sua descendência. Jacó e Esaú haviam se reconciliado, mas a amizade restaurada não perdurou aos seus descendentes. Instaurou-se uma rivalidade por parte dos edomitas, que se tornaram irracionais e extremamente perigosos para Israel. Desgraças e matanças foram os resultados da hostilidade. Para confirmar, leia um dos episódios: Nm 20:14-21.
A antipatia era tão profunda que desejavam ardentemente a ruína da nação irmã. Inclusive contemplaram alegres a destruição de Jerusalém, quando o povo foi capturado. O bem-estar do povo escolhido dependia da derrota destes inimigos. Israel desejava o favor divino, a fim de melhorar as circunstâncias de sua vida. Seu pedido foi atendido, e a profecia de Joel se cumpriu: “... Edom se fará um deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja face derramaram sangue inocente” (3:19). Devido sua arrogância, não ficaram imunes; para eles não houve restauração.

O amor de Deus por seu povo é um amor declarado que se manifesta ao longo de toda a sua história. A insensibilidade do povo os levou a duvidar da autenticidade do amor divino e, consequentemente, a praticar um culto insincero. Mas, mesmo com toda a depravação moral e espiritual do povo, Deus o amou continuamente e tratou de evidenciar seu amor. Deus afirmou que o havia escolhido para ser uma nação especial e que o amaria independentemente de sua insensibilidade e ingratidão. Vejamos a seguir, qual deve ser nossa postura perante o imutável amor de Deus.

II. NÃO SEJA APENAS OUVINTE!

1. Não questione o amor soberano de Deus. Após muitos anos de exílio, Deus permitiu que o seu povo retornasse para Jerusalém. Com o auxílio divino, Israel também pôde reconstruir o Templo e os muros de sua terra. A volta foi acompanhada por uma renovação espiritual marcante. Contudo, com o passar do tempo, o fervor da renovação se perdeu. O povo se tornou indiferente. Com rituais vazios, expressava uma fé oca. Entretanto, apesar de tudo isso, o Senhor disse: Eu sempre vos amei (Ml 1:2). Que declaração formidável! Apesar dos pesares, Deus nos ama. Essa é uma verdade que transcende gerações! Como entender tão grande amor? Por mais que tentemos, nunca iremos conseguir. O amor dele por nós é soberano e incondicional. Ele nos ama, e ponto. É livre e escolheu amar-nos.

2. Não despreze o amor corretivo de Deus. Israel se alegrava quando Deus trazia o julgamento para outras nações.
Entretanto, não aceitava quando a disciplina lhe era direcionada. Como um pai que ama seu filho, Deus corrige seu povo, a fim de direcioná- lo ao caminho certo. Aceitar a disciplina divina implica uma postura de humildade. Ela não é motivo para o desânimo, mas de encorajamento, porque nos conduz à restauração (Hb 12:5-6). Você se considera um filho de Deus? Sujeite-se à disciplina de seu Pai! Não a despreze; ela é prova do seu amor: pois o Senhor disciplina a quem ama (Hb 12:6a – NVI).

3. Não recuse o amor gracioso de Deus. O amor de Deus se manifestou a Jacó antes de ele nascer. Ele e seu irmão, Esaú, haviam nascido em pecado e cometeram pecados graves.
Nem eles nem seus pais e avós mereciam coisa alguma da parte de Deus. Todavia, Deus, por pura graça, escolheu amar Jacó. Da mesma forma, ele nos amou, não porque previu que creríamos nele. A fé que temos nele é consequência desse imenso amor. O amor divino se manifestou a nós quando éramos escravos do pecado: Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores (Rm 5:8). Não temos mérito algum por sermos alvos desse amor. Não havia nada em nós que pudesse despertar esse amor em Deus. Por isso, não o recusemos!

CONCLUSÃO: Não tenhamos os olhos fechados para o amor de Deus. Ao contrário, como a nação escolhida para anunciar a Jesus Cristo, façamos isso com alegria. Lembremos que nós, povo escolhido, não temos qualquer autoridade para chamar o mundo perdido ao arrependimento, antes de acertarmos nossa vida com Deus. Sendo o povo que conhece a verdade acerca do arrependimento e da salvação, concertemos nossa vida diante de Deus, a fim de proclamar as boas novas. O amor de Deus pelo pecador precisa ser anunciado com vivacidade. Gratos, retribuamos seu infinito amor!

Lições Bíblicas - 2º Trimestre de 2010
 
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